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Ver todas as atraçõesEscolhas - nem todas elas podem ser feitas pelas crianças

Por Carlos Eduardo Costa
Ensinar os filhos a escolher é uma das tarefas mais importantes para os pais. Afinal, ao longo de nossa vida, várias escolhas serão feitas. No passado, o papel de escolher ficava restrito aos pais e mães. Eram eles que definiam tudo a respeito da vida dos filhos. O que elas iriam comer, qual a roupa a ser vestida. Hoje essa realidade mudou bastante. É cada vez mais comum, os próprios filhos fazerem suas escolhas. Mas será que estão aprendendo da forma mais correta?
Primeiro, é importante entender a importância do processo da escolha. Ela é fundamental para resolver um dilema que temos a todo o momento. De um lado, todos nós temos os nossos desejos e vontades. E eles costumam ser ilimitados. Mas por outro lado, os recursos são limitados. O tempo, por exemplo, é o recurso mais precioso de todos. Atualmente, as pessoas desejam fazer mais e mais coisas. Mas o dia de cada uma está limitado a 24 horas. Fica impossível, então, realizar tudo aquilo que foi planejado. Da mesma forma acontece com o dinheiro. Nem sempre ele existirá em quantidade suficiente para se fazer tudo aquilo que se deseja. E qual seria a única saída? Escolher. Saber que não se pode realizar tudo. É preciso que isso seja pouco a pouco compreendido por uma criança.
Mas nem todas as escolhas de uma casa podem ser feitas pelas crianças. Os pais precisam exercer o seu poder nas questões sob sua responsabilidade. Os horários das atividades, por exemplo, devem respeitar a organização da vida familiar. Toda a rotina familiar pode ficar desajustada caso a escolha do horário de realizar a tarefa escolar fique sob a responsabilidade de uma criança. Outro exemplo é a definição da alimentação. Somente os pais conseguem compreender a importância de uma alimentação mais saudável. Como os nutrientes serão importantes no desenvolvimento daquela criança. Ela, por sua vez, está mais preocupada com a satisfação de desejos mais imediatos. Claro que buscará sempre os alimentos que irão satisfazê-la naquele momento.
É importante também compreender que capacidade de escolha de uma criança vai se construindo ao longo do tempo. Por isso, a complexidade das escolhas deve acompanhar essa evolução. No início, será a simples escolha de um brinquedo, depois a de uma parte do vestuário e assim por diante. O número de alternativas também deve ser limitado. Ao invés de perguntar para ela com o que ela quer brincar, inicialmente devem ser oferecidas duas alternativas. Brinquedo A ou brinquedo B. E o leque de alternativas deverá crescer aos poucos. As crianças devem entender desde cedo a importância que o “ou” terá em nossas vidas. Uma coisa ou outra.
Cecília Meireles, já na década de 60, escreveu uma poesia que resume bem o dilema das escolhas. E que está presente em nossas vidas independentemente da idade.
Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles
“Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.”